Economia Maranhense no período colonial


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História do Maranhão
Texto produzido por:
Ozielita de Sena Coelho dos Anjos

A economia maranhense do período colonial é caracterizada pela historiografia por duas fases distintas: a primeira vivenciada no período de 1615-1755 - vista como uma época de muita pobreza marcada pela extração da chamada “drogas do sertão” que são trocadas por produtos da metrópole. A ausência do escravo africano nesse período levou os colonos a utilizarem a mão-de-obra indígena, mesmo sendo ela contestada pelos jesuítas.
Podemos evidenciar que contribuíram para esse fenômeno: a ausência do escravo africano, o difícil contato com outras províncias, conflitos com jesuítas, proibição do comércio com outros países e a resistência dos nativos - este último dificultou muito a organização do trabalho na colônia.
A historiografia tradicional nos revela que ao longo do período colonial a vida no Estado do Maranhão foi marcada pela precariedade do comércio e por uma pequena produção agrícola, especialmente o cultivo de arroz vermelho.
Notadamente que praticada de forma rudimentar, a produção de mandioca, algodão, tabaco, milho, e arroz, caracterizou no Maranhão uma economia de subsistência, incapaz de suprir as necessidades locais. Observando que a instituição jesuíta desempenhou função preponderante nesse modo de produção, uma vez que foram os únicos a firmar a produção em alguns engenhos.
Já a segunda fase é marcada pela presença do Marquês de Pombal e suas reformas, que irão modificar substancialmente o quadro econômico e social do Maranhão. A economia de subsistência dá lugar a agroexportação, alicerçada na mão-de-obra escrava africana o que eleva a província antes pobre, a um estágio de riqueza e prosperidade.
As reformas pombalinas foram decisivas para as transformações econômicas no Maranhão, tais como: o fornecimento de escravo africano; adiantamento de capital para a lavoura; semente; mercadorias; estabelecimento da navegação; compra e venda de produtos a preços justos e a transparência nas ações desenvolvidas pela Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão, ou seja, podem ser consideradas como cruciais para as mudanças econômicas da província.
Diante do acima exposto é perceptível que a historiografia tradicional tem caracterizado a Companhia de Comércio como propulsora da, até então pequena economia maranhense. Inserindo assim o Maranhão num cenário de progresso e desenvolvimento. Estas afirmativas indicam ainda, que fora a partir das políticas do Marquês de Pombal aplicadas através de suas ações, que se deu a consolidação de um Maranhão moderno, e entre outras coisas, possibilitaram à elite mecanismos de uma maior acumulação de riquezas, gerando em última instância o hábito de mandar estudar na Europa os filhos da nobreza.
O que nos leva a pensar na imagem de um Marquês de Pombal “herói”. Neste contexto a história econômica do Maranhão aparece, então, dividida em antes e depois da Companhia. Entretanto, têm sido apontados novos questionamentos e algumas verdades têm sido postas em discussões pela atual historiografia.
É importante ressaltar que novas pesquisas indicam que essa visão historiográfica cristalizada durante as duas fases do período colonial no Maranhão trazem controvérsias no sentido que: havia uma maior relação entre as províncias da Colônia e a Metrópole com a maior presença de navios no Maranhão; que o trabalho indígena mesmo proibido foi utilizado por muito tempo; que a produção existiu, só que de maneira diferenciada e sob o poder dos jesuítas.
Segundo Mota: “[...] Ao se basearem somente em fontes oficiais, os historiadores acabaram por construir uma visão superficial sobre o contexto histórico vivido pelo Maranhão no século XVIII” (Apostilha aula 04, p.07).
Outro ponto de contradição é o fato que mostra - que a passagem do estado de pobreza para riqueza e fortuna não ocorreu imediatamente - houve um longo período de transição para que se concretizassem essas mudanças.
Vale destacar que ao estudarmos a história da economia maranhense, no que se refere ao papel desempenhado pela Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão, não devemos superestimar o seu feito transformando a história da sua existência em um conto de fadas, atribuindo a ela a alteração radical da realidade econômica e social da população maranhense.
Pois como historiadores que somos, não devemos nos contentar com o que parece pronto e definitivo, é preciso, pois, investigar e através de novas pesquisas poderemos nos deparar com surpreendentes descobertas sobre verdades antes afirmadas.

Referências bibliográficas

APOSTILHA. Da História Regional - Maranhão. Aulas: 01 a 08


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